A MC Soffia canta contra o preconceito racial desde muito pequena e está ganhando o mundo. Confira as fotos do ensaio fotográfico realizado para a Jokenpô.

Como qualquer criança de 12 anos, MC Soffia adora jogar futebol, brincar de boneca, andar de skate e pedalar.
Mas, desde o ano passado, ela tem chamado atenção de todo o Brasil por um motivo menos óbvio:
cantar contra o preconceito racial sofrido por muitas meninas e meninos como ela.

Negra, nascida na periferia de São Paulo, Soffia começou a cantar aos 6 anos. Para ela, o rap sempre foi sinônimo de força e resistência.
Por isso, nada mais natural que usá-lo a favor de sua causa e defender em músicas como Menina Pretinha, uma das mais conhecidas do seu repertório, que tem orgulho da sua cor.
“Foi aos 10 anos que eu comecei a escrever, a falar nas minhas músicas sobre algumas coisas que eu pensava e me incomodava”, diz a rapper mirim.

A mãe, Kamilah Pimentel, de 30 anos sempre apoiou as atividades da filha que fez sua primeira apresentação ao público aos sete anos.
Ambas fotografaram juntas no ensaio da Jokenpô que você confere abaixo: 

MC Soffia mostra a força da criança negra por meio de suas músicas.

Ganhando o mundo

Para a mãe de Soffia, as viagens são um aprendizado. “Sempre oriento ela a fazer pesquisas sobre tudo. Quando a gente gravou o clipe Menina Pretinha, lá na Pedra do Sal, no Rio de Janeiro, ela pesquisou todo o contexto relacionado ao lugar. Descobriu que é um lugar de resistência negra, principalmente pela arte, através do samba. Isso tem a ver com nosso trabalho social e de militância”, resume Kamilah.

A preocupação em até onde a precoce carreira artística deve ir para não atrapalhar os estudos nem a infância da garota é seguida à risca pela mãe. Para tudo tem horário, inclusive, para ceder entrevista à imprensa – Soffia conversou com o CORREIO no único dia da semana que tem uma pausa nas atividades da escola, onde estuda em período integral. “Na minha escola, as turmas não são divididas por séries. A gente não copia o que o professor escreve, nem ficamos presos em uma sala de aula. É muito legal”,  descreve.

A mãe completa: “Tem essa preocupação de conciliar a infância com o lado artístico, porque como eu que cuido da carreira dela, é mais fácil equilibrar. Ela brinca muito, durante a semana frequenta a escola em turno integral, há finais de semana em que ela trabalha, outros em que ela passa com o pai. E ela chega a ter um mês inteiro sem nenhum compromisso”.

Soffia também comemora a possibilidade de, por conta dos palcos, estar próxima a seus ídolos. A rapper curitibana Karol Conká é uma delas e chegou a batizar a carreira da garota. Em agosto, as duas cantaram o empoderamento feminino durante a abertura das Olimpíadas do Rio 2016, no Maracanã. “Foi uma emoção enorme! Fiquei muito nervosa no dia, tremi demais, mas, depois disso, o palco não me assusta. Entro nos shows bem tranquila”, compara a cantora, que antes já havia se apresentado na Virada Cultural de São Paulo.

Para a mãe, essa relação entre fã e ídolos é muito interessante e positiva. “Os artistas têm muito carinho com a Soffia, a Karol Conka é um exemplo para ela. Tem a Ludmilla, a Lellêzinha do Dream Team do Passinho, todas elas são muito admiradas por Soffia”, conta Kamilah. 

E a recíproca é verdadeira. Para Lellêzinha, Soffia é a criança que ela queria ter sido. “Eu falo para ela: ‘cara, eu queria ter sido você!’, porque se eu tivesse esse pensamento, essa estrutura familiar, essa atitude, eu seria outra criança. É muito importante ter a MC Soffia como inspiração das gerações que estão vindo aí”, diz.

Recado dado

E o recado de MC Soffia tem mesmo chegado às crianças e adolescentes. “Muita gente me diz que começou a aceitar o cabelo depois de ouvir minha música. Isso é muito importante. Meu público é todo mundo”, finaliza.

Fonte: Correio24horas